A epidemia de poliomielite no país, especialmente no Rio de Janeiro, deixou milhares de crianças com sequelas durante a década de 50. O clamor social diante da epidemia e a associação de familiares das vítimas, empresários, senhoras da sociedade e médicos experientes criaram as condições para o surgimento de uma entidade beneficente de luta contra a paralisia infantil.
Assim nasceu, em 1954, a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), com o objetivo de possibilitar que vítimas de pólio e pessoas portadoras de sequelas motoras tivessem acesso a um tratamento especializado e fossem reintegradas à sociedade – trabalho este até então inexistente no Brasil.
Idealizador da ABBR
Idealizador da ABBR
Fundador e 1º Presidente
Filho de Charles Robert Murray
Período: 05/08/1954 a 23/01/1962
Como a instalação de um Centro de Reabilitação requeria uma equipe altamente especializada, o Conselho Técnico e a Diretoria da ABBR optaram, inicialmente, por instituir uma escola para formação de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais – a primeira no país de nível superior.
Dois anos depois da sua fundação, a ABBR formou, pela Escola de Reabilitação do Rio de Janeiro, sua primeira turma de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. E, em setembro de 1957, o Presidente Juscelino Kubitscheck inaugurou o Centro de Reabilitação da ABBR, o primeiro do Brasil, dentro da concepção moderna da reabilitação como um processo integrado.
Além do idealismo do arquiteto Fernando Lemos e do empresário Charles Murray, motivados pela deficiência de seus filhos, a entidade ainda contou com a solidariedade de um grupo de médicos pioneiros, dos quais destacamos os membros do primeiro Conselho Técnico da ABBR: Oswaldo Pinheiro Campos, Jorge Farias, Antônio Caio do Amaral e Hilton Baptista.
O apoio da sociedade carioca veio pelo incansável trabalho de um grupo de senhoras voluntárias (as Legionárias), que se dedicavam às campanhas para arrecadação de fundos, promovendo eventos, defendendo os interesses da ABBR junto à sociedade.
Em mais de meio século de atividades, a ABBR reabilitou mais de 400 mil pessoas com deficiência.
Por Dr. Hilton Baptista (in memorian) em agosto de 1988.
Diretor Presidente da ABBR – 12/05/82 a 22/04/92.
Membro titular da SBMF (Sociedade Brasileira de Medicina Física).
Membro titular da Academia Brasileira de Medicina Física e Reabilitação
“ABBR – Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação foi fundada em 4 de agosto de 1954, por um grupo de idealistas, tendo a coordená-los Fernando Lemos e Percy C. Murray, como objetivo de implantar e desenvolver a reabilitação em nossa pátria, de um modo integrado, dentro de um moderno conceito definido pela Organização Mundial da Saúde como: aplicação de medidas médicas, sociais, educativas e profissionais, a fim de preparar ou readaptar o indivíduo para que alcance a sua integração total na sociedade e possa prever a sua subsistência.
É uma instituição filantrópica sem fins lucrativos e se destina ao atendimento de menores e adultos portadores de deficiência física. Desde o início foram convidados para constituírem o núcleo inicial do corpo médico e do Conselho Técnico, os Drs. Oswaldo Pinheiro Campos, Jorge Faria, Antônio Caio do Amaral e Hilton Baptista.
O objetivo dos fundadores era a instalação, mas como montagem de um centro não era tarefa fácil de realizar (principalmente em 1954) e requeria uma equipe altamente especializada, o Conselho Técnico opinou e a Diretoria resolveu que, inicialmente, fosse organizada uma escola para formação de fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais – a primeira no Brasil. Em memorável reunião realizada na casa do Oswaldo Pinheiro Campos, 23 de Setembro de 1955, foram estabelecidos os planos para o funcionamento da escola, sendo o currículo baseado na Escola de Reabilitação da Columbia University.
Nessa mesma noite foi designado o Dr. Jorge Faria para instalar e dirigir a Escola de Reabilitação. Nesta reunião estavam presentes além dos Drs. Oswaldo P. Campos, Jorge Faria, Antônio Caio do Amaral e Hilton Baptista, os seguintes professores fundadores: Pedro Nava, Antonio Rodrigues de Mello, Zeny Miranda, Alcino Affonseca Jr, Edmundo Haas, Pedro Baptista de Oliveira Neto, Gualter Doyler Ferreira, Evangelina Leivas, Edith Mc Connel, Mary Ellis, Dora Schlochauer e os representantes da Diretoria da ABBR, Fernando Lemos e José Maria de Almeida. Foram matriculados 45 alunos que, ao concluírem o curso no dia 27 de fevereiro de 1958, estavam reduzidos a 24 (vinte e quatro), sendo 16 de fisioterapia e 8 de Terapia Ocupacional.
Em 10 de Dezembro de 1963, o Conselho Federal de Educação reconhece a necessidade dos cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e fixou seu nível superior, seus currículos e sua duração em 3 anos. Em 3 de Abril de 1956, foi realizada na ABI (Associação Brasileira de 1mprensa) a instalação solene de cursos. A sessão foi presidida por Percy Murraye a mesma compareceram os representantes da ONU, membros do corpo diplomático, representante dos ministérios da Educação e do Trabalho, Legionárias da ABBR e o então presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação, Odir Mendes Pereira. Estava fundada a Primeira Escola de Reabilitação no Brasil.
Ainda hoje ao percorrer o nosso moderno Centro,sinto emoção ao encontrar entre a sofisticada aparelhagem alguns dos aparelhos idealizados por nós dois naquela época.
Em 17 de Setembro de 1957, o Presidente Juscelino Kubitscheck inaugurou solenemente e profundamente emocionado o Centro de Reabilitação da ABBR, o primeiro do Brasil, dentro da concepção moderna da reabilitação como um processo integrado.
Foi um trabalho árduo que tivemos de enfrentar, pois partimos do nada e o pessoal não tinha experiência prévia. Usamos os alunos da primeira turma da escola que então cursavam o segundo ano.
Durante várias noites e fins de semana, Fernando Lemos e eu passamos voltados intensamente para o planejamento de equipamento que tínhamos que mandar construir, pois inexistia no mercado. Eu explicava, mostrava fotos e o Lemos desenhava, fazia a planta e executava.
Desde a sua fundação a ABBR contou com um valoroso e dedicado corpo legionário dirigido por Malú da Rocha Miranda que tem dado o seu amor e o suporteà luta pela construção de nosso Hospital Centro de Reabilitação.
Gradativamente outros médicos vieram se juntar ao grupo inicial: Donatello Sparvoli, Pedro Bloch, Ary Borges Fortes, Sivaldo Bruno, Murilo Campelo, Ernani Lucas, Mário Gonçalves da Fonseca, Ludovina Siqueira, Vitor Cohen, Maurício Sathler e Joaquim Meyer.
Durante a construção de Brasília o Presidente Juscelino Kubitscheck convocou a ABBR para planejar e acompanhar a instalação de um Centroem Brasília que foi inaugurado junto com a nova Capital como nome de Sarah Kubitscheck e durante dois anos foi dirigido por nossa equipe, mas devido à distância tornava-se muito difícil para nós, até que foi entregue a fundação das Pioneiras Sociais.
Por nosso intermédio a ABBR está ligada a vários outros movimentos internacionais como Partner’s of the Américas, World Rehabilitation Fund, Institute of Rehabilitation Medicine da New York University,Maryland Rehabilitation Center, Veterans Administration e a Associação Médica Latino Americana de Reabilitação.
Em 1982, a ABBR se afiliou a Rehabilitation International e desde 1975 seu atual presidente faz parte do Conselho diretor, é membro da Comissão Médica Mundial desde em 1978 e em 1960 foi eleito Vice Presidente da Reahabilitation International para América Latina e atualmente é o Secretário Nacional para o Brasil.
Atualmente temos 100 doentes internos e 780 em ambulatório sendo que no departamento Infanto Juvenil são assistidos cerca de 300 crianças.
Muito se teria para dizer sobre o longo caminho percorrido pela ABBR em seus 34 anos de existência, para estímulo das novas gerações.
O corpo médico constituído por médicos fisiatras e consultores de várias especialidades realizam um movimento de mil consultas mensais. Valor e confiança ante o porvir, os povos encontram na grandeza de seu passado. Passam em civilizações, mas nos homens ficará para sempre a glória de que outros homens tenham lutado para dirigi-las.”
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